Inverno de 2013:
OCUPAR E RESISTIR PARA ALMOÇAR
Havíamos feito uma ocupação rápida na semana anterior: apenas uma noite. Um recado
breve do que estávamos dispostos a fazer. Após um ato e uma assembleia, decidimos
dormir lá, em meio ao frio e a ausência de qualquer tipo de política de assistência estudantil.
Fizemos isso.
Na semana seguinte, concluímos que não havia mais tempo, era necessário ocupar a
universidade, deveríamos ocupá-la, de corpo e alma.
Neste momento, uma segunda-feira,
ainda não tínhamos clareza do que aconteceria, mas, na ânsia de conseguir o mínimo,
ocupamos novamente.
Queríamos que um projeto sobre os restaurantes universitários fosse concluído e que então
saísse do papel. Eu era representante discente na comissão, junto de dois companheiros,
que elaborou este projeto.
Lembro-me que, durante a última reunião que participei, do lado
de fora da sala, as e os demais estudantes começavam a ocupação.
Ficamos uma semana acampados no hall de entrada do campus.
Lá, em meio às barracas e
ao frio, nos conhecemos melhor, soubemos o que levara cada um até lá, soubemos ainda
que, mesmo com nossas demandas sendo diferentes, democratizar a universidade nos dava
a unidade.
Durante uma semana, presenciei política e cultura trabalhando juntas na construção de uma
nova universidade, em que a reunião de balanço realizada diariamente após a janta, esta
que por sua vez era precedida por um sarau, fez com que nós, que pudemos viver aquele
momento, compreendêssemos que a universidade, até então distante, era nossa.
Pedro Dall’Agnol Ribeiro
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