sábado, 1 de outubro de 2016

QUE VIVA @S ESTUDANTES: EM TEMPOS DE REGULAMENTISTAS E DECRETISTAS: QUE FALTA FAZ A AS SULFRAGISTAS E TOD@ LA ESTUDANTINA...


Retomo o debate com meus alun@s neste momento onde um tema chama atenção nos debates internos da nossa (nossa) universidade. O que está em jogo agora é ser ou não ser, ou melhor, é ser contra um decreto absurdo que tenta nos destruir enquanto instituição pública ou seguir o que um decreto publicado pelo mesmo governo que jogou milhares de bombas em nossas cabeças...uma pergunta que seria fácil, resposta simples, adeus decreto, mas aqui não parece tão simples assim. Nem no filme que vocês assistiram um dia foi, digo do Adeus Lenin. 

Não vou entrar no campo das outras ou dos outros, das universidades que simplesmente ignoraram o tal monstro da praça santa salete, ou melhor, feito pelo mãos de tesoura, como gostam de tesoura, corta daqui, corta dali..vamos cortar, vamos cortar,quantos ternos devem dar com papéis cortados, ou melhor,vamos publicar que outros cortarão pelo simples motivo que não cortam as folhas que estão escrita as linhas decretais que nos implodem como universidade. Seria mais fácil, tod@s juntos, em sessão solene, cortar o decreto, pode ser feito uma fogueira com suas folhas na pira olímpica, bom, acabou a olimpíada, mas sei que uma das tochas anda por estas bandas..quem sabe não usamos ela para queimar as folhas do decreto..imagine a cena, o despertador acaba de tocar, acorda amor... Ah, sim, também seria necessário queimar os regulamentos internos, pois aqui aplicamos tantos regulamentos que viramos regulamentistas, sim, existem os garantistas, os divergentes e temos os regulamentistas também, entre eles muitos estudantes, mas como exigir algo diferente enquanto aplicamos tantos regulamentos nel@s, acabam seguindo, seguindo, sem perceber que existem curvas para desviar dos caminhos regulamentares, resistências. 

Faz tanto tempo que aplicamos regulamentos que estamos presos ao regulamentismo, ao decretismo, porém, em alguns lampejos rompemos com os regulamentos, são tão poucos, mas existem-ainda existe em nós a possibilidade de ruptura com os regulamentos- com os decretos.
Imagina se as Sulfragistas tivessem aceitado a decisão de não ter o direito ao voto aplicado pelo parlamento britânico, o que seria hoje do voto das mulheres....mas antes foi preciso quebrar muitas vidraças, mas também ganhar a consciência da massa, dos que achavam que era preciso simplesmente seguir o que estava escrito, escrito por quem e por quem- pelos que nos oprimem- é isso que está em jogo, um decreto assinado por um governo que nos oprimiu no dia 29 de abril, que derrotado nas ruas usou as folhas de papel para nos derrotar enquanto universidade e sujeitos, vamos aceitar isso, claro que não, o despertador toca de novo..acorda amor..

Mesmo que não seja derrubado nos Conselhos, o decreto já foi derrotado na consciência d@s docentes, d@s tecnic@s e d@s alun@s, dos que não tem o que comer nos restaurantes que não existem, nas bolsas que não aumentam, que não são universais, quiçá parciais, quem dera fossem apenas de pano para carregar os livros -se tivesse dinheiro para comprar os livros- acorda amor. Mesmo os que aplicam os regulamentos sabem que em breve serão vítimas d@s nov@s regulamentistas, o que falta, falta pouco, um relatório atrasado, uma prova perdida, uma doença qualquer, um dia mal dormido..acorda amor. 

A luta das Sulfragistas, d@s negr@s, das mulheres e crianças por direitos veio depois da desobediência, da luta organizada da classe trabalhadora, que enfrentou os mais duros governos e parlamentos, que os derrotou depois de ganhar o debate no campo da consciência, do medo de perder o medo, de dizer que quero mais que um não escrito em linhas tortas, que quero o direito de decidir sobre a minha vida, meu corpo, meus sonhos, minha existência. 

No momento, @s estudantes podem fazer a diferença, podem exigir mais, podem queimar folhas e reescrever a história- sim- re-escrever, ou pintar e rabiscar, como um dia o fizeram por aqui, pois o que vem escrito nos regulamentos e decretos, não é a história dos que lutam, dos que sonham, e sim dos que sempre dominaram os que tentam sobreviver no meio do turbilhão de papéis, dos que insistem em pintar as marcas deixadas pelos que lutam - mas são apenas papéis - que amarelam com o tempo, enquanto nossa consciência avança, rompe barreiras e derruba obstáculos enquanto os papéis amarelam nas gavetas. 

Precisamos de mais sulfragistas e menos regulamentistas e drecretistas, e como canta Mercedes Sosa “ que vivan los Estudiantes, jardín de nuestra alegria, son aves que no se asustan de animal ni policía...me gustan los Estudiantes, que marchan sobre las ruinas, com las Banderas em alto...va toda la estudantina”, derrubem o decreto, ganhem seus restaurantes, suas casas para morar, suas bolsas, seu direito a ter uma universidade pública, seu futuro, sua vida, agora toca o celular..acorda amor....


* foto da Revolta canetista, movimento de alunos que ousaram desafiar as paredes brancas...em 2015.