terça-feira, 4 de outubro de 2016

ESQUERDA VOLVER: OS RESULTADOS DA ELEIÇÃO DE OUTUBRO DE 2016

ESQUERDA VOLVER: OS RESULTADOS DA ELEIÇÃO DE OUTUBRO DE 2016

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Herbert Marcuse,  no prólogo da edição da obra monumental de Karl Marx- O 18 Brumário - faz uma reflexão que gostaria de citar aqui para abrir o debate sobre o ocorrido nas eleições municipais brasileiras no último dia 02 de outubro. Fazendo uma reflexão sobre a burguesia, diz  Marcuse que  “na sua ascensão, a burguesia mobilizou as massas e reiteradamente as traiu e abateu. A sociedade capitalista em desenvolvimento precisa contar de modo crescente com as massas, integrá-las na normalidade econômica e política, torná-las capazes de pagar e (até certo ponto) inclusive de governar. O Estado autoritário necessita de uma base democrática de massas; o líder deve ser eleito pelo povo, e ele o é...”, como o é aqui e acolá, sempre eleito de “forma democrática”. Democrática para quem não se discute aqui, todos sabemos de antemão para quem governam.
Porém, ao governar, os eleitos, feitos, reitos e direitos esquecem-se de uma premissa que Marx ensina no texto, quando lembra aos eleitos que “no segundo domingo do belo mês de maio -ou aqui  na entrada da primavera- no quarto ano de tua eleição, acaba o teu poder! Naquele dia, a tua glória chegará ao fim, a peça não será encenada duas vezes, e se tiveres dívidas, trata de quitá-las em tempo hábil..”, pois a cobrança vem, desculpe o trocadilho, a jato, na verdade, seria via cavalo.
O que os que governam esqueceram, após sua tentativa de aceitação no clube da burguesia, que os talheres de prata são de difícil manuseio, e que não foram eleitos para manusear talheres de prata, se embebedar com taças de ouro e sim para derreter os talheres e retirar o ouro para construir uma nova sociedade, uma nova sociabilidade, uma nova república, não dos “velhacos”, das viúvas da ditadura que rapidamente se apossaram do novo governo, e sim, uma república popular para os trabalhadores e trabalhadoras. O preço, segundo Marx, seria claro, tão claro como os votos eletrônicos.
Uma vez que fizeram aliança com a burguesia e não com a classe trabalhadora, ocorre o que sempre ocorreu, como explica Marx no 18 Brumário, ou seja, “desde da  época de 20 de dezembro de 1848 até a dissolução da Constituinte em maio de 1849 compreende a história do ocaso dos burgueses republicanos. Depois de ter fundado uma República para a burguesia, escorraçado o proletariado revolucionário do campo e calado momentaneamente a pequena-burguesia democrata, eles próprios foram postos de lado pela massa da burguesia que, com razão, confiscou essa República como a sua propriedade...”.

Nada diferente do que ocorreu no último dia 02 de outubro, ou em maio, ou agosto e setembro de 2016. É preciso reler Marx, é urgente reler O  18 Brumário  de Luís Bonaparte. Mais ainda, precisamos derrubar o que ensina Marx, ou seja, a máscara que encobre através de discursos o verdadeiro conflito que está na raiz disso tudo, ou seja, como ele mesmo explica “um exame mais detido da situação e dos partidos, contudo, faz desaparecer essa aparência superficial, que mascara a luta de classes e a fisionomia peculiar desse período”. Ele fala do século XIX, porém, é atual e preciso para o debate sobre os resultados da eleição de outubro de 2016.

sábado, 1 de outubro de 2016

QUE VIVA @S ESTUDANTES: EM TEMPOS DE REGULAMENTISTAS E DECRETISTAS: QUE FALTA FAZ A AS SULFRAGISTAS E TOD@ LA ESTUDANTINA...


Retomo o debate com meus alun@s neste momento onde um tema chama atenção nos debates internos da nossa (nossa) universidade. O que está em jogo agora é ser ou não ser, ou melhor, é ser contra um decreto absurdo que tenta nos destruir enquanto instituição pública ou seguir o que um decreto publicado pelo mesmo governo que jogou milhares de bombas em nossas cabeças...uma pergunta que seria fácil, resposta simples, adeus decreto, mas aqui não parece tão simples assim. Nem no filme que vocês assistiram um dia foi, digo do Adeus Lenin. 

Não vou entrar no campo das outras ou dos outros, das universidades que simplesmente ignoraram o tal monstro da praça santa salete, ou melhor, feito pelo mãos de tesoura, como gostam de tesoura, corta daqui, corta dali..vamos cortar, vamos cortar,quantos ternos devem dar com papéis cortados, ou melhor,vamos publicar que outros cortarão pelo simples motivo que não cortam as folhas que estão escrita as linhas decretais que nos implodem como universidade. Seria mais fácil, tod@s juntos, em sessão solene, cortar o decreto, pode ser feito uma fogueira com suas folhas na pira olímpica, bom, acabou a olimpíada, mas sei que uma das tochas anda por estas bandas..quem sabe não usamos ela para queimar as folhas do decreto..imagine a cena, o despertador acaba de tocar, acorda amor... Ah, sim, também seria necessário queimar os regulamentos internos, pois aqui aplicamos tantos regulamentos que viramos regulamentistas, sim, existem os garantistas, os divergentes e temos os regulamentistas também, entre eles muitos estudantes, mas como exigir algo diferente enquanto aplicamos tantos regulamentos nel@s, acabam seguindo, seguindo, sem perceber que existem curvas para desviar dos caminhos regulamentares, resistências. 

Faz tanto tempo que aplicamos regulamentos que estamos presos ao regulamentismo, ao decretismo, porém, em alguns lampejos rompemos com os regulamentos, são tão poucos, mas existem-ainda existe em nós a possibilidade de ruptura com os regulamentos- com os decretos.
Imagina se as Sulfragistas tivessem aceitado a decisão de não ter o direito ao voto aplicado pelo parlamento britânico, o que seria hoje do voto das mulheres....mas antes foi preciso quebrar muitas vidraças, mas também ganhar a consciência da massa, dos que achavam que era preciso simplesmente seguir o que estava escrito, escrito por quem e por quem- pelos que nos oprimem- é isso que está em jogo, um decreto assinado por um governo que nos oprimiu no dia 29 de abril, que derrotado nas ruas usou as folhas de papel para nos derrotar enquanto universidade e sujeitos, vamos aceitar isso, claro que não, o despertador toca de novo..acorda amor..

Mesmo que não seja derrubado nos Conselhos, o decreto já foi derrotado na consciência d@s docentes, d@s tecnic@s e d@s alun@s, dos que não tem o que comer nos restaurantes que não existem, nas bolsas que não aumentam, que não são universais, quiçá parciais, quem dera fossem apenas de pano para carregar os livros -se tivesse dinheiro para comprar os livros- acorda amor. Mesmo os que aplicam os regulamentos sabem que em breve serão vítimas d@s nov@s regulamentistas, o que falta, falta pouco, um relatório atrasado, uma prova perdida, uma doença qualquer, um dia mal dormido..acorda amor. 

A luta das Sulfragistas, d@s negr@s, das mulheres e crianças por direitos veio depois da desobediência, da luta organizada da classe trabalhadora, que enfrentou os mais duros governos e parlamentos, que os derrotou depois de ganhar o debate no campo da consciência, do medo de perder o medo, de dizer que quero mais que um não escrito em linhas tortas, que quero o direito de decidir sobre a minha vida, meu corpo, meus sonhos, minha existência. 

No momento, @s estudantes podem fazer a diferença, podem exigir mais, podem queimar folhas e reescrever a história- sim- re-escrever, ou pintar e rabiscar, como um dia o fizeram por aqui, pois o que vem escrito nos regulamentos e decretos, não é a história dos que lutam, dos que sonham, e sim dos que sempre dominaram os que tentam sobreviver no meio do turbilhão de papéis, dos que insistem em pintar as marcas deixadas pelos que lutam - mas são apenas papéis - que amarelam com o tempo, enquanto nossa consciência avança, rompe barreiras e derruba obstáculos enquanto os papéis amarelam nas gavetas. 

Precisamos de mais sulfragistas e menos regulamentistas e drecretistas, e como canta Mercedes Sosa “ que vivan los Estudiantes, jardín de nuestra alegria, son aves que no se asustan de animal ni policía...me gustan los Estudiantes, que marchan sobre las ruinas, com las Banderas em alto...va toda la estudantina”, derrubem o decreto, ganhem seus restaurantes, suas casas para morar, suas bolsas, seu direito a ter uma universidade pública, seu futuro, sua vida, agora toca o celular..acorda amor....


* foto da Revolta canetista, movimento de alunos que ousaram desafiar as paredes brancas...em 2015.